O mestre ladrão
“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Pv 22.6
Certa tarde, ao lado da pobre choupana, um homem e sua mulher descansavam. Nisto, chegou um carro trazendo um jovem elegantemente vestido. O camponês, timidamente, saiu ao encontro do recém-chegado. O desconhecido, apertando com afeto as mãos do casal, disse-lhes:
- Desejo apenas saborear um prato dessa boa comida do campo. Se preparar algumas batatas à moda da casa, comerei prazerosamente com os dois.
O campônio, um tanto embaraçado, sorriu e respondeu:
- O moço deve ser um principe ou um conde, talvez até um duque. Os grandes fidalgos costumam ter tais desejos, e o seu será satisfeito, creia!
Enquanto a mulher cuidava de preparar a refeição, o homem disse ao seu hospede que iria à horta terminar uma tarefa, e o moço se propôs a acomapanhá-lo. Enquanto o camponês plantava algumas mudas, o moço indagou:
- O senhor não tem nenhum filho que possa ajudá-lo nessa tarefa?
- Não, isto é, na verdade tivemos um filho, mas, há muitos anos nos abandonou. Ele era inteligente, mas cheio de vícios e vazio de coragem. Fugiu de casa e nunca mais tivemos qualquer notícia dele.
O homem ia colocando as mudas dentro das covas e ao lado de cada uma fincava uma estaca. Depois de socar bem a terra, amarrava a muda com um cipó fino, para que ela se desenvolve-se bem ereta.
- Diga-me uma coisa, falou o visitante, por que não amarra também a estaca naquela arvorezinha torta, ali no canto da horta? Ela está toda contorcida, nodosa e os galhos vergados até rente ao chão...
O velho camponês, sorrindo ante a ingenuidade do moço, respondeu:
- Bem se vê que o rapaz aí não entende do assunto. Aquela arvore já é adulta e ninguém mais poderá endireitá-la. Isso só se faz quando novinhas.
- Tal como seu filho, disse o moço.
- Se o tivesse ensinado quando ainda era criança, não teria fugido de casa. Agora estará também contorcido e duro. Se o senhor o visse hoje, seria capaz de reconhecê-lo?
- Pela fisionomia, dificilmente, só o reconheceria por uma marca de nascença que ele tem num dos ombros, respondeu o camponês, com tristeza.
Quando disse isto, o moço tirou o casaco e, descobrindo o ombro, mostrou-lhe a marca que permanecia visível.
- Senhor meu! Exclamou o pobre homem,
- Então você é o meu filho? Mas como isso é possivel, se vive na fartura e na opulência? Como chegou a esse ponto? Falou o pai, dominado pelo amor que o estremeceu.
Ah meu pai, respondeu o moço com certa amargura.
- A arvorezinha, que quando tenra não foi amarrada à estaca, cresceu torta, nodosa e vergada até o mais baixo nivel. Agora está adulta e não endireitará mais. Quer mesmo saber como ganhei a vida? Tornando-me um ladrão, mas sou um mestre ladrão...
O semblante do pai se abateu, pela certeza de ser ele o maior culpado.
“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Pv 22.6
“O Senhor procura os verdadeiros adoradores, que o adorem em espírito e em verdade”.
Fique na Paz do Amado e até breve,
Um comentário:
Lindo amiga o seu texto. Que lição ne?
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