"Porque o SENHOR ouve os necessitados e não despreza os seus cativos." - SL 69: 33
Em certa cidade vivia uma pobre senhora já curvada ao peso dos anos e abatida pela solidão.
Uma noite, sentada em seu quarto e como sempre muito só, via desfilar em sua mente cenas que retratavam seus momentos mais difíceis.
Primeiro a perda do marido, que perecera quando do torpedeamento do navio petroleiro em que trabalhava na época da guerra. O golpe fora penoso, especialmente para ela que esperava o seu primeiro filho. Desse modo, procurou consolo no rebento que chegaria, à certeza de que a criança amenizaria as saudades do esposo que partira. Contudo, apesar dessa busca de sublimação, a pobre mulher chorava muito e comia pouco. O sono lhe fugiu e ela ficou fraca, esgotada e desnutrida.
Chegada a hora do nascimento do bebê, ficou sabendo que chegaram gêmeos, dois meninos, porém, o precário estado de saúde da mãe também os enfraqueceu e eles não sobreviveram. Assim, ela retornou só para a casa vazia.
Agora, com o coração dilacerado pela angustia e pelos sofrimentos sucessivos, ela não se conformava e se revoltava até contra os desígnios de Deus, a quem acusava por haver ceifado também a vida dos gêmeos. Mergulhada nessas tristes reminiscências, dormiu e sonhou:
Seguia em direção à igreja. Era grande o movimento. Uma multidão seguia para ver o julgamento dos condenados e ela os acompanhou. Acomodou-se ao lado de uma senhora idosa. Depois da fala dos juízes, vieram as sentenças e as execuções de acordo com a lei.
De repente, a companheira falou:
"olha para o fundo da praça, e lá verá teus gêmeos já homens.”
Ansiosa, olhou e os viu caminhando em direção à guilhotina. Foi aí que a companheira acrescentou em tom de advertência:
“Vê o que lhes teria acontecido, se Deus permitisse que eles vivessem? Mas na sua sabedoria ele os levou para si ainda na sua inocência.”
Despertada do sono, a pobre mulher se viu tomada de remorso e arrependimento, por haver tantas vezes blasfemado contra as determinações do Senhor e naquele momento, agradeceu-o por lhe haver sacudido através de um sonho. Deu-lhe graças pelas experiências e pediu perdão, porque em sua cegueira e no egoísmo do seu amor materno, ainda mais agravados pela solidão, não conseguia compreender a sua vontade e os seus motivos sempre mais altos.
"Em tudo daí graças"
É o que nos ensina a Palavra de Deus.
Fique na paz do amado e até breve.
Sarah Virgínia
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